" agosto 2011 / da estante

domingo, 28 de agosto de 2011

Tentando me levar

Pesada de angústias, de medos, me levo.
A cada dia regredindo, vou tentando prescindir meu choro, tentando caber em mim, me ter.
Tentando me aceitar assim, tentando entender os encontros e desencontros de mim. Tentando entender por que os bons morrem jovens... Tentando...
(...) Descendo de mim profundo e esporadicamente, mágoas em lágrima, sangrando sutilmente no silêncio brando.
Dentro de mim um vácuo, os órgãos dilacerados, desejos incertos e segredos esquecidos.
Tentando conversar comigo, num espelho imaginário descendente de algum devaneio disperso aqui.
Estou absurdamente perturbada com essa voz misteriosa que canta para os versos. Essa voz insana e latejante, vibrante e impassível.

Com a ternura e o desassossego de saber de mim, lembro do olhar aconchegante que me aparece. Penso na mentira agoniante que há esconsa.
Vejo, como em água límpida, o quão insaciável é minha sede respostas. Perguntas me rondam todo tempo. Perfeição e defeitos que sondam.
São os castigos pelos crimes que cometi, a caixa de pandora que abri.
Pelo medo que tornei de me tornar. Por me acender a escuridão veio trovar, culpas, culpas, culpas a me culpar.
Nesse verso que pretendo terminar, espero um presente que o futuro quer passar.
© da estante
Maira Gall