" fevereiro 2012 / da estante

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012




No fim das contas, tem algumas coisas que você apenas não consegue não falar. Algumas coisas nós não queremos ouvir, e outras coisas que falamos por não conseguirmos mais nos silenciar. Algumas coisas são mais do que você diz, elas são o que você faz. Algumas coisas você diz porque não tem outra escolha. Algumas coisas você guarda só pra si. E, não muito frequentemente, mas de vez em quando, algumas coisas simplesmente falam por elas mesmas .


Julieta é uma idiota, pra começar,ela se apaixona pelo cara errado, que ela nao pode ter,então ela culpa o destino pela sua própria decisão errada.O amor assim como a vida é uma questão de tomar decisões.E o destino não tem nada haver com isso.Todos acham que é tão romântico, Romeu e Julieta,amor verdadeiro,que triste.Se julieta foi burra o suficiente pra se apaixonar pelo inimigo,beber uma garrafa de veneno e ir dormir num mausoléu,ela mereceu o que teve!Talvez Romeu e Julieta estavam marcados pra ficarem juntos,mais só por um tempo então o tempo deles passou.Se eles pudessem saber antes, talvez tudo ficaria bem.Se quando você crescer, e tiver o destino em suas mãos não deixar nenhum cara te arrastar pra baixo, você será sortuda por ter esse tipo de paixão por alguém, se vc tiver ficaram felizes juntos pra sempre.O amor é uma questão de escolhas,é questão de tirar o próprio veneno e a adaga e fazer o próprio final feliz ,na maioria das vezes.Mesmo assim as vezes o destino sempre vence .

Não importa quanto tentemos ignorar ou negar, eventualmente as mentiras caem por terra, querendo ou não. Mas essa é a verdade sobre a verdade: ela machuca. Então nós mentimos.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Durante toda minha vida estive à beira do precipício, onde pulo e pulo. Nunca houve alguém que pudesse me dar a mão, nunca houve em quem pensar quando estivesse caindo. A queda é sempre dolorosa, e depois de tanto sentir, só resta a dormência. Mas o que há lá embaixo que nunca vejo, e sempre ao chegar sou puxada para cima? Não sei o que me levanta, mas sei muito bem o que me faz cair.
Caminhar sozinho não é tão ruim o quanto parece, mas talvez sintamos falta de algo ao olharmos para os lados e só enxergar deserto. Estar pronta para pular e não poder se agarrar quando o arrependimento vier. É como se a mão que empurra fosse a mesma que ampara e não deixa machucar ao cair, porque quando se chega lá, não se sabe o que há de fazer com o todo, daí volto a me certificar do que deixei, e não a dor que se sente ao voltar e ver que não sou capaz de abandonar mesmo sabendo que é preciso perder para poder se encontrar.

Silente

É possível olhar para o escuro e enxergar bem mais que a escuridão, é preciso que enxerguem o que há, só preciso que vejam, não que sintam, é meu, eu me encarrego de sentir, mas não impossível de ver mesmo que não se mostre nítido.

Saber o que é estar dentro de um baú fechado e sentir algo se desfazer, desmanchar onde não deve ser desmanchado. Doer tudo se tornou necessário. Sinto e sinto cada sopro, culpa por estar sensível a cada passo e palavra dita. Quando os ventos sopram mais fortes e os ruídos soam, sobrevoa as nuvens negras e aqui, bem no fundo, chove. O silêncio ainda habita, não sei até onde ele pode dizer. Desculpo-me por sentir tanta culpa, mas que poso fazer? Sinto muito, não dá para não ser.

Sob os tremores dos lábios crucificados, água ulcerada de flores leprosas, vapores fétidos exalam a podridão do ato, femme sem medo. Luz sem lampejo. Em seus olhares vertiginosos, sem direção, olho a olho. Afagos, suspiros, gritos estridentes, martirizados na maldição, mas que a profecia refletia a náuseas.

Como num campo minado, exala pólvora na vastidão do deserto do desespero. Uma serenidade necessária da noite pálida de lamentações brota dos olhos que paralisam de tamanha introspecção. Exaspero e contemplação, lágrima em abandono, ausência, esquecimento, sangue e inquietação. Virgem da aurora, vozes condenadas, nervos mortos, peito sem aceleração. Coração parado, partida. Perdão.

© da estante
Maira Gall