Percorro a casa várias vezes
sem saber onde quero chegar.
E não chego,
o que é de se esperar.
Os tempos últimos estão diferentes.
Não sei acompanhar.
Caminhos desconhecidos,
não consigo me parar.
Tenho medo da sombra que me assombra
na parede.
Tenho medo do assombro que me vem,
e da sede.
Seca lábios.
água não,
café.
Estômago não suporta
um único canapé.
Café a seco,
seco a garrafa
arrasto o pó
pelo pé.
"Estruture o texto para chamar de poesia"
diz a consciência, a um lance
de materializar-se em boa-fé.
Não tem estrutura.
Não tenho estrutura.
Respinga indecisão
como acupuntura
pela pele pura
que cura
à contrafé.
Percorro a casa várias vezes
sem saber onde quero chegar.
E não chego,
continuo a caminhar.
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