" o que é de se esperar / da estante

sábado, 13 de janeiro de 2018

o que é de se esperar

Percorro a casa várias vezes 
sem saber onde quero chegar.
E não chego,
o que é de se esperar.

Os tempos últimos estão diferentes.
Não sei acompanhar.
Caminhos desconhecidos,
não consigo me parar.
Tenho medo da sombra que me assombra
na parede.
Tenho medo do assombro que me vem,
e da sede.
Seca lábios.
água não,
café.
Estômago não suporta 
um único canapé.
Café a seco,
seco a garrafa
arrasto o pó
pelo pé.

"Estruture o texto para chamar de poesia"
diz a consciência, a um lance
de materializar-se em boa-fé.
Não tem estrutura.
Não tenho estrutura.
Respinga indecisão
como acupuntura 
pela pele pura 
que cura 
à contrafé. 

Percorro a casa várias vezes 
sem saber onde quero chegar.
E não chego,
continuo a caminhar.

Nenhum comentário

Postar um comentário

© da estante
Maira Gall