" para preencher um lado só / da estante

sábado, 13 de janeiro de 2018

para preencher um lado só


Há de ser e há de se saber ser.
Há de sentir e há de não saber o que sente.
Desde que mundo é mundo.
Mudo.
Desde que mundo é só.
E só.
Desde que passo um passo.
Impasse.
Desde que passe um só.
É estreita a viela.
Redundante.
Desde que sinto um nó.
Nódoa grita.
Silêncio entala.
Aperta o peito com uma mão só.
Forte.
Una. Divisível.
Partida.
Mil pedaços.
Há de não saber o que se é.
Perdido.
Partido.
Foi-se o elo invisível, intangível.
Foi-se.
A foice desceu sem dó.
Perdida
e só.
Desde que mundo é mundo.
Mudo.
Desde que tudo é mudo.
Grita no espaço entre o silêncio
e a morada do ruído.
Ao ouvido, um sino.
Ao sentido, sentindo.
Ao adeus, meu deus!
Sem dó.
Volta ao status quo.
E só, é só, sem piedade
e sem dó.
No poema em que tudo é mudo
para preencher um lado só.

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